domingo, dezembro 12, 2010
Futuro optimista
Sinopse: uma nova pessoa vem a esta realidade e é-lhe ensinado a montar uma estrutura para entender essa mesma realidade. Confrontado com outras estruturas ligeiramente ou extremamente diferentes da dele, questionasse e instrui-se com informação que lhe alargam as perspectivas da realidade, ao mesmo tempo que o choque de estruturas destroem ligações afectivas.
Sinopse: um pequeno exercício guiado através de exemplos e confrontações (situações do dia-a-dia) para que se questione a forma de como raciocinamos e a forma a como respondemos a desafios que nos são impostos. É lançada ainda uma proposta para que se oriente da forma mais eficiente, coerente, imune de influências externas a nossa lógica.
Sinopse: estudos, estatísticas, curiosidades sobre o porquê de termos um povo tão tentado ao conformismo. No fim deste exercício pode também encontrar formas de o combater.
Viver sem conflito
sexta-feira, dezembro 10, 2010
Cântico Negro
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: «vem por aqui»!
Eu olho-os com olhos lassos,
Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: «vem por aqui»?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais niguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: «vem por aqui»!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!
José Régio
segunda-feira, novembro 15, 2010
Fui às compras
Agarro-o com dois dedos e tiro-o do bolso. Coloco-o em cima da mesa e através do fino plástico azul consigo deslumbrar a cor castanha daquele pó essencial. Quase que sinto o seu fumo a passar pela minha boca e a prender-se nos meus pulmões.
Isso faz-me ficar ainda com mais pressa.
Estou preparado, tenho tudo o que preciso, nervosismo, folha de alumínio, vontade de fugir da minha vida, navalha, mãos suadas, isqueiro e cigarros. Começo pela folha de alumínio, é preciso cortar dois quadrados do tamanho de uma mão, faço isso como quem beija e acaricia uma mulher só para ter sexo, preliminares desnecessários. Depois de ter esses dois quadrados, dobro um em quatro partes para que fique mais pequeno e mais forte. Puxo de um cigarro e enrolo essa parte ao cigarro. O objectivo é dar-lhe uma forma redonda para que, quando tirar o cigarro, consiga fazer desse quadrado um tubo perfeito. Este não é. Ficou imperfeito como tudo o que faço e tudo o que sou, mas isso não importa. O que importa é que este ansioso preliminar terminou. Pego na navalha e com um corte prensado abro o pacote (que, neste momento, é o centro da minha vida).
Tenho o cuidado de não deixar cair nenhum pó.
Tudo é necessário.
Com cuidado e mãos trémulas coloco o pó no centro do quadrado da folha de alumínio e o tubo imperfeito na minha boca. Faço com que a folha não deixe cair nenhum pó. A mão direita procura o isqueiro e encontra-o. Acende-o e coloca-o debaixo da folha de alumínio. O pó, ao ser tocado pelo calor da chama, transforma-se em líquido. Transforma-se numa bolha fumegante de um negro liso e castanho cor de sangue. O primeiro fumo que me chega ao nariz dá-me vómitos (que eu controlo perfeitamente) e faz com aquele cheiro se cole a tudo. Inclino a folha de alumínio, normalmente chamada de prata, para que esta preciosa bolha possa escorregar e durar-me o maior tempo possível. Cheguei ao ponto onde queria chegar e de onde nunca queria partir. Dou lume e a bolha começa a correr, nesse momento começo a aspirar aquele fumo que tem um horrível sabor a sacrifício. Inspiro o suficiente para não ser demais ao ponto de me levar a vomitar e não ser de menos ao ponto de não sentir os primeiros efeitos. Foi pouco fumo, mas algo na parte de dentro da minha nuca tornou-se diferente. Uma paz egoísta começou a alojar-se aí, um estado diferente, uma estranheza mole e esponjosa. Num lento expirar deito fora tudo o que restava de fumo nos meus pulmões. A boca ficou com um gosto horrível que é preciso aguentar. Tornou-se seca e vazia, onde a língua bate rija contra os dentes fixos e implacáveis e contra o céu-da-boca negro e cinzento como eu o imagino. Continuo a fumar. Há quarta inclinação da prata eu sou outro. Surge em mim a calma que existe no fundo do oceano, torno-me uma pedra com olhos e boca. Sou uma árvore com pernas e pensamento. Sou uma montanha sentada num cadeirão.
A prata começa a ficar riscada com o correr da bolha, tal como as paredes brancas dos montes do Alentejo ficam riscadas pelo passear dos caracóis durante o Verão. Estou completo. Sinto o crânio cheio de uma pressão mansa, uma energia calma e poderosa. Começo a funcionar como Deus. Não existem problemas ou os que existem não passam de pormenores que precisam de ser enxotados com a mão. Continuo a fumar. Sinto-me muito bem, sinto-me doente. A bolha começa a diminuir, cada vez se torna mais pequena e cada vez aquela prata se parece mais com uma teia de aranha. Os rastos da bolha começam a fazer formas geométricas imperfeitas. Estou cinco vezes mais pesado que habitual. Os movimentos tornaram-se lentos e cansados. Apetece-me parar tudo e ficar de olhos fechados a sentir o meu respirar. A sentir este mole prazer que aparece em explosões, surdas e mudas, por todo o meu corpo, por todo o espaço de corpo que tenho. Faço uma pausa antes de acabar com a bolha. Sou feliz mesmo sabendo que só o sou por algumas horas. Recosto-me no cadeirão e relaxo todos os músculos, ossos e pensamentos do meu corpo. O tempo é contado em respirações. Uma vontade de vomitar nasce na ponta inferior do meu estômago, entretenho-me a vê-la crescer, a vê-la subir. É maravilhoso estar vivo. Acho que não vou conseguir acabar com a bolha, acho que me vai fazer vomitar. (Mesmo assim.) Vou arriscar. Num bafo cuidadoso, com o cuidado de quem enfia comida na boca de um acamado crónico. Respiro esse último fumo enquanto assisto ao ferver final da bolha e à sua transformação numa crosta seca e cinzenta anunciadora do fim dos sonhos. Largo tudo. Já não preciso de nada. Encontro uma posição confortável e quase que adormeço a observar as náuseas que, em vagas, me sobem meigamente à boca pelo estômago, como crianças que correm rua acima rua abaixo só para sentir o vento na cara. Sei que é uma questão de tempo até que uma me faça vomitar. Sei, também, que esse vomitar pode ser fatal. Mas isso não me interessa por agora. Estou de olhos fechados, quase que adormeço de prazer no cadeirão. Apenas me mexo para acalmar as comichões que me surgem na cabeça, no rosto, no nariz… Talvez o nariz seja o pior. É um gesto repetido, o de coçar o nariz.
As náuseas continuam.
Até que uma me obriga a mexer.
Faz-me endireitar o tronco, que repousava enrolado.
Tive que abrir os olhos.
Com essa náusea chegou também o medo.
Respiro devagar para a controlar. Tento ser o menos agressivo possível em tudo o que faço. Qualquer gesto pode trazer consequências inesperadas, pressinto-o. Sento-me meio curvado, meio como quem abraça alguém para fazer sentir bem e controlar-lhe a revolta. Fico assim durante alguns momentos. Agora, começo a sentir um mal-estar na forma duma pedra grande e redonda que me apareceu na base do estômago e que lentamente vai subindo. Sinto que não há nada a fazer. Não há maneira de a parar. Ela arrasta tudo consigo. Ela sobe. Até que chega à minha garganta. Num reflexo, o meu corpo entrega-se a um espasmo e sou projectado para a frente por um vómito doloroso, vazio e quente. Pouco há para vomitar a não ser esta vontade de vomitar (deixei de comer há dias porque me cansa muito mastigar e porque toda a comida se torna cinza na minha boca). Estou de joelhos, mãos no chão, boca aberta e garganta trancada por convulsões amargas e quentes. Quero vomitar, mas não o consigo fazer. Não há nada para vomitar, mas um impulso cego obriga-me a fazê-lo. A garganta trancou do esforço, o meu medo tornou-se pânico. Era isto que eu não queria, é isto que está a acontecer. Não consigo vomitar e agora também não consigo respirar. A garganta trancou. Consigo respirar em pequenos goles de ar. Quantidades quase imperceptíveis e quase insuficientes. Este esforço para respirar faz o som horrível de quem está a sufocar. Olho a morte nos olhos. Não sei se consigo mais um gole de ar, cada vez se torna mais difícil, cada vez a garganta está mais cerrada. Tenho os dedos cravados na alcatifa. Todo o meu corpo é tensão e garganta é um músculo preso num apertar absurdo. Está-me a fazer morrer. Estou a perder a força. Em vez de ar respiro um chiar forçado. Respiro um desespero final. Perco as forças. Caio para o lado. Com toda a força que me resta tento respirar. Mas não consigo. Um branco sem cor começa a tomar conta de mim, dos meus olhos, dos meus pensamentos… O desespero cede ao largar. As contracções internas do meu tronco marcam o tempo.
Foi aqui que nasci.
domingo, novembro 07, 2010
2012
"The 2012 Shift
The main lens through which I see the 2012 shift occurring illustrates a change that deviates from the macro structure of social conventions and group consciousness and gravitates towards individualism — abundance — and personal truth."
http://spiritualblog.com/2852/2012-consc iousness-in-plain-english
quinta-feira, novembro 04, 2010
Eu, Eu, Eu, Eu, Eu.
Sei cumprir funções.
Vísceras, tripas.
Apetece-me bater em alguém.
Estão todos enganados comigo.
Não quero desiludir,
se essa ilusão é melhor que a realidade.
segunda-feira, outubro 25, 2010
Resta-nos a ironia
sexta-feira, outubro 22, 2010
Albert Camus
quinta-feira, outubro 21, 2010
Eu Vivo no Estômago
Assim que fico só, ele aperta. Faz-me querer morrer. Faz-me querer parar esta dorzinha que se torna insuportável. Este cansaço de a sentir. Estou perdido. E não há mapa que me ajude. Perdido como sempre estive, mesmo quando estava esquecido disso. Não tenho nada. Uma mão cheia de nada, que me faz apertar o estômago, e o saber de que já nada cola. Tudo se desfaz. Não há uma coisa que me faça viver. Nada que me dê sentido por mais que umas horas. Estou condenado ao desamparo. Condenado a ser mais um entre os muitos. Mais uma sombra no meio dos vultos que deambulam por aí, sem norte nem sentido. Sem força de ser o quer que seja. Desacreditado de tudo. Um ser em convulsões de corpo preste a morrer. Um ser que me estrangula o estômago no desespero de se mostrar. Estou sem forças. Não tenho porque me mexer. (Pelo menos agora). As mulheres fazem-me querer mexer ao mesmo tempo que o estômago é estrangulado com mais força. Ao me mexer a ausência de sentido revela-se. Estou-me a mexer para quê? Porquê? Será que é isto que quero. Será que é isto que sinto. Não será melhor voltar a sentar ou a deitar? E deixar tudo como está, na calma do jorrar interior do meu sangue.Mas este estado também é passageiro. Daqui a pouco, uma qualquer vontade, nem que seja a de ficar de pé, toma conta de mim e faz-me mexer e faz-me doer. Pergunto-me sobre como posso suportar isto. A ideia de futuro faz-me pensar em suicídio. Não encontro resposta, a não ser este espernear que me faz escrever ou aquele momento de descanso onde me esqueço num qualquer entretem. Mas até esses entreténs estão a deixar de ter efeito, mesmo entretido sinto o estômago, sinto o seu apertar intolerante, que talvez me queira lembrar que estou vivo e que estar vivo é dor, é frustração, é desespero, é sofrimento, é desilusão. Acho que me quer testar. Quer-me provocar. Quer que eu o pare. Quer que o silencie. Este monte de ossos não faz nenhum sentido. Este corpo-dor não tem sentido. Dou por mim a fazer algo de espontâneo. Dou por mim com uma máquina no colo e a bater-lhe com a ponta dos dedos para que desenhos de dor apareçam numa luz branca e mágica. Dou por mim sem posição para estar. Sem saber como devo estar. Qual a forma de causar menos dano. Menos dor agora e menos dor no futuro.
Este corpo é absurdamente estranho com estas duas tarântulas que mexem às minhas ordens. Com estas dores que surgem e que me fazem sentir o sangue no seu vaivém doentio. Esta coluna de ossos que curva e se cansa de existir. E o sangue que bomba sem cessar. E eu sou isto. Este milagre doente que decai a cada respirar. Esta coisa que quer sem saber o que querer.
Acho que estou apaixonado.
sexta-feira, outubro 15, 2010
Melancolia
domingo, outubro 10, 2010
O amor
Sou guiado para fins que desconheço e por caminhos desconhecidos. Talvez sentar e ficar a sentir o tempo correr tenha o mesmo resultado que perseguir objectivos (objectivos que nunca serão meus, nem de ninguém).
Tinha uma ilusão. Ela escondia-se dentro de mim, em espaços muitos escuros onde muito dificilmente a via. Eu acreditava que o homem pode ser bom, ou melhor, que o homem é bom por natureza. Ontem, encontrei essa ilusão e sufoquei-a até sentir que as suas raízes, enterradas em mim, perdiam a força e que, ao mesmo tempo, uma tristeza alegre me confortava o espírito, anunciando que um novo mundo tomava forma à minha frente (novas definições e outras maneiras de agir se impuseram).
Descobri que sou só e que não há pai, nem mãe, nem irmão, nem tio, nem namorada, nem amigo, que possa pagar a fiança e comprar essa liberdade, o que podem fazer (e até devem) é trazer-me tabaco e dinheiro, nos dias de visita, para que os meus dias se tornem mais suportáveis, permitindo que alguns prazeres passem por este corpo.
Falo da ilha isolada que sou para a ilha isolada que és, mesmo que essa tua condição não te seja clara neste momento.
O amor é vontade de poder.
Não te iludas com o homem, são todos iguais a ti mesmo.
Imagina o que te espera.
sexta-feira, outubro 08, 2010
O pouco em que nada me envolvia
its just the way we've been raised
discovering time and space
I know we that could make a change
rearrange the way that we appreciate the world today
its possible to love someone
and not treat them in the way that you want
its possible to see your eyes
be the devil in disguise
with another front-end
its possible to change this world
revolutionize the boys and girls
its possible to educate the next generation
ever rule the world someday
segunda-feira, setembro 27, 2010
.
Para começar é preciso esquecer tudo o que nos foi dito até agora. Vamos esquecer o animal racional de Aristóteles. O ser de impulsos sexuais de Freud. E o ser que age com o único objectivo de ter mais poder, de Nietzsche. Esqueçamos também mais alguma resposta que veio ter aos nossos olhos ou ouvidos. Esqueçamos, ainda, uma ou outra conclusão que tenhamos tirado de alguma reflexão própria sobre aquilo que lemos ou ouvimos.
Se tentarmos esquecer tudo isso, por alguns instantes, o que podemos responder à pergunta inicial?
Para ser sincero, ao realizar este exercício só me ocorrem mais ideias que ouvi ou que li. Nada de original me ocorre. Talvez a pergunta esteja demasiado batida, podemos mesmo chamar-lhe lugar-comum. É pergunta central de qualquer disciplina que se designe por antropológica, consequentemente várias são as maneiras de olhar para ela e de lhe tentar dar resposta. Mesmo assim, nenhuma por si só, nem todas em conjunto conseguem satisfazer-nos.
Então, afinal, o que será isso a que se chamamos homem. Será que o termo homem está cheio de ideias e palavras que nele se foram sedimentando com o tempo? E que por isso não conseguimos ver mais do que aquilo que já foi visto? Haverá a hipótese de um novo olhar que veja aquilo a que chamamos homem? E que consiga, na sua originalidade, ver realmente o que é? Ou que percepcione e entenda que a pergunta sobre o que é (a essência) é um passo de retórica e que a existência, muito ao jeito de Sartre, é desprovida de palavras e que estas são apenas véus que cobrem as coisas e que se estivermos atentos à “naúsea” acabaremos por as ver cair, despedaçando o mundo que conhecemos até agora, e que numa reacção de medo, vamos tentar colocá-las, de novo, a cobrir as coisas para que o conforto que existia volte, mas elas já nunca mais vão fixar-se.
A pergunta mantém-se e eu não consigo encontrar nenhuma resposta original.
sexta-feira, setembro 24, 2010
Melodia
sexta-feira, setembro 10, 2010
A beleza de um osso
Tudo luz sobre o foco desse olhar.
Na cidade, mais três pessoas morrem agora.
Nunca pensaram nesse destino conjunto.
Nunca se viram.
Mais de mil bebés vêem pela primeira vez alguém.
Em nós, o sangue continua a correr.
Uma história silencia-se num ouvido.
A faca que matou não tem consciência disso; o golpe também não.
Estava escuro, e o medo encontrou aí terreno fértil para germinar.
Ouço um grito; de Alegria.
Alguém se veio na sua solidão.
Às vezes parece mesmo que estou vivo; Disse-me o vizinho que já se tentou matar 3 vezes.
As ilusões iluminam-te a vida; respondi eu.
Todos nós somos cegos.
Agora, alguém morre em agonia, mas o teu mundo não se altera. Talvez a seguir sejas tu.
Os pensamentos dão-te sono. A cocaína faz-te mexer.
Mas tu continuas pelo caminho.
Tens esperança nalguma coisa.
Alguém se esqueceu de dizer brincadeira depois de falar contigo.
Chegaram mais homens.
O horror carrega a escuridão.
Mais homens mais problemas.
Eis a matemática essencial.
O amor é medo. O medo é amor.
Uma coisa cresce dentro de ti.
Sabias que o céu pode ser apenas uma ideia?
Há coisas em que nunca pensaste.
Pensaram-nas por ti.
Alguém cagou fora da sanita.
E é feliz.
A noite está linda, e ouvi dizer na televisão que morreram mais de mil tal.
quinta-feira, setembro 02, 2010
Quarta à noite
E o que sou? Um homem só, que não sabe ser de outra forma. E onde estou? Estou nesta sala como em tantas outras. E só eu estou aqui.
Não quero companhia de memórias por muito confortáveis que sejam. Hoje quero estar aqui. A sentir esta ausência de gente e a matar ideias reconfortantes que sem serem provocadas surgem para apaziguar o mal-estar de estar só.
sábado, agosto 14, 2010
quinta-feira, junho 24, 2010
Porque escrevo.
domingo, junho 13, 2010
A busca de um, a vida sem um, ou a morte?
quarta-feira, junho 09, 2010
Examined Life
domingo, junho 06, 2010
sábado, junho 05, 2010
sem título
Don't drink the water
Come out come out
No use in hiding
Come now come now
Can you not see?
There's no place here
What were you expecting
Not room for both
Just room for me
So you will lay your arms down
Yes I will call this home
Away away
You have been banished
Your land is gone
And given me
And here I will spread my wings
Yes I will call this home
What's this you say
You feel a right to remain
Then stay and I will bury you
What's that you say
Your father's spirit still lives in this place
I will silence you
Here's the hitch
Your horse is leaving
Don't miss your boat
It's leaving now
And as you go I will spread my wings
Yes I will call this home
I have no time to justify to you
Fool you're blind, move aside for me
All I can say to you my new neighbor
Is you must move on or I will bury you
Now as I rest my feet by this fire
Those hands once warmed here
I have retired them
I can breathe my own air
I can sleep more soundly
Upon these poor souls
I'll build heaven and call it home
'Cause you're all dead now
I live with my justice
I live with my greedy need
I live with no mercy
I live with my frenzied feeding
I live with my hatred
I live with my jealousy
I live with the notion
That I don't need anyone but me
Don't drink the water
There's blood in the water
terça-feira, maio 25, 2010
sexta-feira, maio 14, 2010
quarta-feira, maio 12, 2010
segunda-feira, maio 10, 2010
Insónia em palavras
vazio de profundidade
queriam muitos
chegar à minha idade
***
Saber é morrer.
Porquê?
Não sei.
Quero viver.
***
Não sei poesia
nem poemas
nem nada
sei escrever
basta.
***
Numa frase vou pôr o mundo
Já está.
***
Só a sorte é minha aliada
Não planifico nada
a inocência e a preguiça
são a minha estrada
Só a sorte é a minha aliada
***
Bolachas e leite
tudo serve
para matar
o vazio que me preenche
A certeza
segunda-feira, abril 26, 2010
A destruição iminente do amor
terça-feira, abril 20, 2010
segunda-feira, abril 19, 2010
A incerteza do imortal
Desmonto-me. Destruo-me para que me possa reconstruir. Desactivo-me para que possa reactivar na finta do desolhar e desacreditar. Descomplexo-me à mais básica forma de ser dentro do ser que sou por ser. Desconcentro-me de forma tal que movimentos carecem de qualquer previsão. E então reencontro-me. Forte, na fraqueza encontrada na fuga de ser. Leio-me naquilo em que nada deverá estar escrito. Mas tenho fé, acredito para que oriente o que reste daquilo que não devastei por inteiro. Para que chegue longe, mais longe, para que chegue, chegue a algo. Contudo será que esse é o fim do destino? Será algo demasiado consistente para quem caminhou vazio a passo largo? Contudo chego. Contemplo. Acaricio ao ritmo que vou expurgando, cinza.
A vitória que corre então nas veias é inexplicável, que doutra forma vitoria não o poderá ser. Contento-me com a inexistência de contentamento. Forte na carência que nada preenche. Nada, eu assim o quero por alcançar o não querer. Mesmo sem sabendo se o alcancei, não choro. Não preencho. Rio. Sem satisfação alguma. Seriedade num desentrelaçar dos movimentos de um bobo.
Plenitude.
Contudo temo. Por mim e pelo que vou deixando de ser para um outro ser. Temo a metamorfose que se rege pelas suas leis em que nada posso. Questiono-me então:
Será uma sanidade imortal?
domingo, março 28, 2010
O Livro do Desassossego
"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do
abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma
prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis,
porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao
que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao
que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até
mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e
canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que
me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro
dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se
não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."
* * *
"Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como
sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a
substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de
milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança
sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele. Vivo
mais porque vivo maior."
* * *
domingo, março 14, 2010
Espamo
Deus tocou-me,
doce toque
de morte,
de prazer,
de loucura e arder,
escrever
até morrer
a palavra do pensamento
a crescer por dentro
a partir do que sou
vivi e vou
vou e voltei
sempre aqui
junto a ti
e a mim.
sábado, março 06, 2010
sexta-feira, março 05, 2010
Só Sei Falar de Mim
Pronto, devo de admitir que, passados alguns anos, retiro prazer em reler esses textos (nem sei bem como nomeá-los) e constatar que muitas dessas aflições já desapareceram. Tenho também a esperança, muito secreta e patológica, de que depois de morrer alguém os encontre e os leia e me ache uma pessoa muito interessante e que assim continue a seduzir depois de morto, o que será muito bom, pelo menos parece ser por agora, porque depois de morto não sei se a sedução irá ter alguns frutos já que não posso aceitar elogios nem convites sexuais.
Falar da morte seria bom. É assunto sério e poderia fazer uma bela prosa a partir daí, mas o que gosto mesmo é de falar de mim. Falar de como sou bom, quero dizer, de como sou mau, mas ao mesmo tempo bom por perceber que sou mau. Gosto de falar da minha incapacidade de ter namoradas. Fico sempre muito aliviado depois de escrever um bom texto sobre o assunto (bom texto segundo os meus critérios, claro). Qualquer coisa serve (desde que seja minha) para eu me lamentar roçando a esferográfica no papel ou pressionando teclas de computador. Bem, vou terminar este texto porque lembrei-me de um assunto interessantíssimo para escrever.
sexta-feira, fevereiro 26, 2010
domingo, fevereiro 14, 2010
O gato
Morreu hoje, 10 anos e 26 dias depois de ter sido atirado para este espaço. Ruben chora. Nunca nada nem ninguém lhe tinha morrido durante os seus 16 anos de vida. As lágrimas caíam da sua face, tal como se de uma fonte de água cristalina se tratasse. O seu soluçar era ritmado, tambor de vida vibrando no interior do seu corpo. A ideia da morte corre-lhe pelas veias deixando uma sensação de desespero por onde passa. Ruben rende-se ao desespero e considera a hipótese de arrancar o peito para aliviar a dor. Deus ausentou-se. Resta nele a dura existência da perda.
O gato está estendido na sua alcofa, um corpo sem vida coberto de pêlo. É bela a imagem de um corpo que deixou de possuir vida tornando-se apenas mais um dos objectos inanimados do mundo. Ruben não consegue ver isso, o seu olhar não se consegue libertar da memória, que lhe traz, para castigo do seu coração, as imagens e sensações dos momentos passados em conjunto.
Ruben não aguenta mais, deita-se na cama e enrola-se na tentativa de controlar a dor que lhe domina o peito. As unhas estão cravadas na pouca carne que possui nas pernas e as lágrimas correm num fio consistente. Ele sente-se a transformar em algo de horrível. Sente que um novo ser aparece no seu interior, algo de novo, mas ao mesmo tempo antigo. Uma mutação.
Num salto ele levanta-se da cama e coloca-se em frente ao corpo morto. Algo o força a pegar no gato, ele não tem a certeza do que o está a impulsionar, mas sente-se poderoso de uma forma que nunca antes tinha sentido. Neste momento ele é livre de incertezas, o que quer é o que faz, deixou de existir margem para dúvidas ou hesitações. Desta forma, tudo o que faz é inteiro e transborda de certezas.
De um rasgo, pega no gato e, movido pela vingança, segura-lhe em cada uma das patas superiores, num instante, cerra os dentes e de um só movimento rasga o animal em dois. Numa mão, fica uma das patas do gato, na outra, encontra-se o restante corpo. Ele demora-se a observar a ruptura que tinha forçado, os delicados pormenores daquela separação. Mas isso não era suficiente, ele queria mais. Ele queria ver mais, ele queria mais vingança. Ruben encontra-se possuído por uma raiva incontrolável, o gato não tinha o direito de morrer e de o deixar naquele estado.
Um estrondo surdo fez estremecer o quarto e encheu todos os recantos com loucura. Ruben abriu os olhos e olhou para o relógio, passam 5 minutos das 8 horas da manhã. Olhou para o lado esquerdo da cama e viu o gato a dormir tranquilamente, reparou, então, que se tinha perdido novamente no sonho real do existir.
segunda-feira, fevereiro 08, 2010
Equilibrio - Passivismo / Activismo
Todos os dias tomamos escolhas que vão diferir em torno da nossa personalidade que temos vindo a construir e que arrastamos conosco em perpetua construção até morrermos.
sábado, fevereiro 06, 2010
A gente não lê
"A gente não lê"
Rui Veloso capta nesta música um pouco do mundo desses que não lêem, fazendo-nos pensar como pode ser pequeno o mundo dessa gente que povoa o nosso país, trabalhando a terra e cuidando dos seus animais.
A gente que não lê não é gente estranha e desconhecida a quem devemos reclamar algum tipo de distanciamento. São, antes pelo contrário, os nossos avós, pais e mães, mesmo que não partilhemos com eles nenhum laço de sangue.
segunda-feira, fevereiro 01, 2010
A todos os mentirosos e mentirosas
LIAR
Lie lie lie lie liar you lie lie lie lie
Tell me why tell me why
Why d'you have to lie
Should've realised that
Should've told the truth
Should've realised
You know what I'll do
You're in suspension
You're a liar
Now I wanna know know know know
I wanna know why you never
Look me in the face
Broke a confidence just to please
Your ego should've realised
You know what I know
You're in suspension
You're a liar
I know where you go everybody you know
I know everything that do or say
So when you tell lies
I'll always be in your way
I'm nobody's fool and I know all
'Cos I know what I know
You're in suspension you're a liar
You're a liar you're a liar
Lie lie lie lie lie lie lie lie
Lie lie lie lie liar you lie lie lie lie
I think you're funny you're funny ha ha
I don't need it don't need your blah blah
Should've realised I know what you are
You're in suspension you're in suspension
You're in suspension you're a liar
You're a liar you're a liar
Lie lie
quarta-feira, janeiro 27, 2010
Faithless - Bombs
sexta-feira, janeiro 22, 2010
Escutem o mundo.
Covardia de Plantão
puta que pariu
quase ninguém me viu
dando mole pra agressão
agora eu tô quebrado
quase todo arrebentado
deitado aqui no chão
quatro filhos da puta
com toda força bruta
me zoaram pra valer
tomei chute na cara
paulada na cabeça
mesmo sem saber por que
refrão
me ajuda aqui!
me ajuda aqui!
me leva pro hospital
que eu não paro de sangrar
sempre foi uma bosta
te pegaram pelas costas
covardia de plantão
skin, punk, torcida
ou coisa parecida
a lei é enfiar a mão
perdi o dente da frente
meu sangue ainda tá quente
quase não sinto dor
acho que fui esfaqueado
procura esse buraco
liga logo pro doutor
ódio por nada
apenas por odiar
brigas por nada
apenas por brigar
vingança por nada
apenas por vingar
mortes por nada
apenas o nada!!!
terça-feira, janeiro 19, 2010
A fórmula do governar

- E = energia,
- m = massa,
- c = a velocidade da luz no vácuo
- G = governar
- p = pão
- e = espetáculo
- G = governar
- p = pão
- e = espetáculo
- of = ocultação de factos
Was Fashion the reason why they were there?
They disguise it, Hypnotize it
Television made you buy it"
domingo, janeiro 17, 2010
Assim falava Zaratustra
E julgaram-se então libertos do corpo e da terra, os ingratos! Mas a quem deviam o espasmo e a voluptuosidade do seu êxtase? Ao seu corpo e a esta terra."
Retirado de: NIETZSCHE, Frederico. Assim falava Zaratustra. 14º ed., Lisboa: Guimarães Editores, p. 48.
sexta-feira, janeiro 15, 2010
The Reader
Fiquei com vontade de o ver assim que ouvi o título, antes mesmo de ver qualquer imagem.
Ontem tive a oportunidade de o ver e o que vi foi uma história de amor. Mas não daquele amor que normalmente preenche os filmes. O amor que ali vi é o amor que se esconde nos corações, o amor que nos mostra o céu, que nos controla, nos molda, nos limita e que no final parte deixando a saudade e um novo ser no nosso lugar.
Um novo ser que vive a dor de ter tocado a felicidade e dela ter sido separado, um novo ser que perdeu a inocência perante a realidade. Esse ser traz consigo a marca do amor, tatuagem que tempo algum apagará. Foi esse amor que eu vi no filme. Vi o meu amor no filme.
The Reader - Trailer HD - ShoxXx - Click here for another funny movie.
quinta-feira, janeiro 14, 2010
The Cranberries - Zombie
Heart is taking over
When the violence 'causes silence
We must be mistaken"
A gota de fé na tempestade de opressão
