domingo, janeiro 10, 2010

O instinto inerente à criação

O porquê de estarmos aqui, hoje, pode ser bastante complexo, admito-o eu aqui perante você. Mas ouso ter certeza numa coisa: foi o instinto mais primário que este mundo já alguma vez viu nascer em qualquer espécie que “tenha cu”, ou até mesmo sem ele. Por mais falta de conhecimento e ligações que se tenham neste mundo, por mais que o intelecto careça de destreza e intuito, talvez, por mais insignificante que possa ser uma ou outra existência uma coisa é certa: tudo o que mexe teme a morte. O mecanismo mais primitivo talvez até impossível de compreender, não concordará?

Poderá ou não concordar com esse ponto, mas quanto a este eu lhe digo que não poderá discordar: de primitivo ele não tem nada, de eterno talvez, quem sabe de bastante actual. E digo-lhe até que se em tempos resultou maravilhosamente bem, trazendo-nos nós aqui, hoje, continua a resultar extremamente bem entre nós, hoje. Dizem que tudo o tempo faz amadurecer, tudo nasce, tudo vive, tudo morre. Dizem até que mesmo que a vontade não o quisesse, a natureza do que envolve tudo o que nos rodeia obrigaria a evolução a acontecer, seleccionando-se do todo uma fracção elitista do mais forte, naturalmente.

Concordará comigo, com eles que o dizem? Pois bem, poderá aceitar você tais factos provados das nossas ciências, mas nunca seria eu capaz de aceitar que o instinto que nos trouxe a nós e a tantas outras formas de existência aqui, hoje, tenha evoluído. Nem um pouco, lho digo.

É a culpa das nossas ciências que possibilitam o sonho humano da imortalidade, que se dizem capazes de assumir o total controlo da existência. Que dizem que conseguirão controlar o envelhecimento, pois percebem agora o que o causa. Que dizem que conseguirão controlar uma tão desejada poção de rejuvenescimento através de células regeneradoras.

Este sonho que não é sonho, porque todo o sonho é sonhado de livre vontade. Porque todo o sonho é um desejo, uma ambição pessoal que nasce dentro da nossa razão. Pois este sonho que de nada racional tem eu lhe chamo uma fraqueza humana. Um subestimar do poder da natureza que nos envolve e de que somos feitos.

Uma total ignorância e carência do perceber da vida. Do respeitar dos ciclos. Do saber onde pertencemos e para o que o sistema de nós carece e precisa. Com certeza lho digo que o que a natureza precisa não são de seres humanos com um egoísmo insaciável que só escasseará com a sua eventual extinção.

Pare de se questionar sobre o que precisa e comece a questionar o que pode abdicar. Assuma-se tão pequeno nesta realidade como realmente o é. Não pense que é Deus de si e que só de se mestrar a si precisa, é Deus de muito mais, é Deus de tudo o que o rodeia, tudo lhe pertence. Porque se não for seu é de quem? Já pensou bem? No máximo de um outro igual a si, um outro racional seu irmão. E depois de perceber a vida, submeta-se a ela com respeito.

Tema a morte! Desenvolvam-se mais vacinas! Consiga-se a imortalidade! E depois de satisfazer todo o seu ego olhe então para o que o rodeia. Aviso-o aqui, hoje, que poderá não restar muito.

1 comentário:

  1. Quisera partir numa nuvem
    Com a alma pura,
    terna,
    bela.
    E suspenso pairar
    sobre o tempo,
    sobre a esfera
    Mergulhar no céu imenso
    E longe de mim
    e do mundo,
    Sonhar.
    Pairar sobre calmarias
    Apartada de tormentas,
    Abraçar gentis quimeras,
    Embalar, terna, a esperança,
    E alcançado o infinito
    Planar por entre as estrelas
    Embeber a alma nelas
    E continuar a Sonhar.
    E que o dia e a noite juntas
    Vestissem o horizonte
    E salpicassem o Sonho
    De cores ternas,
    quentes,
    eternas.
    E o Sonho fosse
    Apenas uma tela.

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