segunda-feira, outubro 25, 2010

Resta-nos a ironia


Recomendo outros vídeos relacionados com este que poderá encontrar nas sugestões à direita. (conforme visto no youtube)

sexta-feira, outubro 22, 2010

Albert Camus

"When a young man finds himself at the threshold of life, on the brink of any undertaking, he feels grave weariness and profound disgust at the pettiness and vanities that have soiled him even as he tried to deny them; an instictive aversion rises on him. His pride revolts at every day life, which grows even more humiliating. He doubts: ideias in general, social conventions, everything he has received. A grave matter, he also doubts his deepest feelings: Faith, Love. He becomes aware that he his nothing. There he is, alone, and at a loss. But he knows that he desires, therefore he can be something: he must at all cost define his potentialities."

quinta-feira, outubro 21, 2010

Eu Vivo no Estômago

É o estômago. Eu vivo no estômago. E neste momento ele está apertado, contraído. Tenho a sensação de querer vomitar, mas a razão para isso não é clara e por isso não vomito. Vomitar sem uma razão clara seria assumir o fim e eu ainda não quero que acabe, ainda estou agarrado a mim pelas pontas dos dedos. Mas o estômago aperta, e aperta cada vez mais ou cada vez o sinto com mais consciência.
Assim que fico só, ele aperta. Faz-me querer morrer. Faz-me querer parar esta dorzinha que se torna insuportável. Este cansaço de a sentir. Estou perdido. E não há mapa que me ajude. Perdido como sempre estive, mesmo quando estava esquecido disso. Não tenho nada. Uma mão cheia de nada, que me faz apertar o estômago, e o saber de que já nada cola. Tudo se desfaz. Não há uma coisa que me faça viver. Nada que me dê sentido por mais que umas horas. Estou condenado ao desamparo. Condenado a ser mais um entre os muitos. Mais uma sombra no meio dos vultos que deambulam por aí, sem norte nem sentido. Sem força de ser o quer que seja. Desacreditado de tudo. Um ser em convulsões de corpo preste a morrer. Um ser que me estrangula o estômago no desespero de se mostrar. Estou sem forças. Não tenho porque me mexer. (Pelo menos agora). As mulheres fazem-me querer mexer ao mesmo tempo que o estômago é estrangulado com mais força. Ao me mexer a ausência de sentido revela-se. Estou-me a mexer para quê? Porquê? Será que é isto que quero. Será que é isto que sinto. Não será melhor voltar a sentar ou a deitar? E deixar tudo como está, na calma do jorrar interior do meu sangue.Mas este estado também é passageiro. Daqui a pouco, uma qualquer vontade, nem que seja a de ficar de pé, toma conta de mim e faz-me mexer e faz-me doer. Pergunto-me sobre como posso suportar isto. A ideia de futuro faz-me pensar em suicídio. Não encontro resposta, a não ser este espernear que me faz escrever ou aquele momento de descanso onde me esqueço num qualquer entretem. Mas até esses entreténs estão a deixar de ter efeito, mesmo entretido sinto o estômago, sinto o seu apertar intolerante, que talvez me queira lembrar que estou vivo e que estar vivo é dor, é frustração, é desespero, é sofrimento, é desilusão. Acho que me quer testar. Quer-me provocar. Quer que eu o pare. Quer que o silencie. Este monte de ossos não faz nenhum sentido. Este corpo-dor não tem sentido. Dou por mim a fazer algo de espontâneo. Dou por mim com uma máquina no colo e a bater-lhe com a ponta dos dedos para que desenhos de dor apareçam numa luz branca e mágica. Dou por mim sem posição para estar. Sem saber como devo estar. Qual a forma de causar menos dano. Menos dor agora e menos dor no futuro.
Este corpo é absurdamente estranho com estas duas tarântulas que mexem às minhas ordens. Com estas dores que surgem e que me fazem sentir o sangue no seu vaivém doentio. Esta coluna de ossos que curva e se cansa de existir. E o sangue que bomba sem cessar. E eu sou isto. Este milagre doente que decai a cada respirar. Esta coisa que quer sem saber o que querer.
Acho que estou apaixonado.

sexta-feira, outubro 15, 2010

Melancolia

Sabe bem falar contigo. Às vezes escuto-me. A falar no quarto sozinho sem que a palavra se ouça por entre as paredes, mas nem de longe se compara à tua voz, mesmo que em silêncio.

Lembras-te daquele nosso banco de jardim? As tardes de outono depois da escola. Era como que se um pedaço de tempo caísse solto do seu calendário. Para nós. Só nosso e daquele sol que descia reflectindo nas pedras da calçada a sua harmoniosa luz. Suave. Brilhava por de entre as folhas caídas de outono e eu, bem, eu estava, mas não estava. Porque estava contigo, não precisava de estar eu. Eras tu, eu. Sorria cerrando levemente os olhos que em ti me faziam chegar, afundava nos teus. Perdia-me. Perdiamo-nos.

Levantava-se a noite com tanto ainda para falar. Discutíamos. Sem o auxílio do relógio que não era para ali chamado! Eu tinha a razão, mas tu não querias ver! Repara nos meus argumentos! Mas não, tu não cedias! Afinal de contas eras tu quem tinha a razão e eu quem não queria ver. Mas sabes bem que afinal havia uma vírgula que não tinhas tu considerado! Eu sabia! Nós sabíamos. Porque éramos um. Fazia-mos sentido, no meio do turbilhão caótico de ideias e argumentos pouco arrojados, nós fazíamos sentido.

Quero que saibas que se sentou hoje aqui comigo, no nosso banco de jardim, ele que se acha digno de atenção. Eu, por simpatia ou cansaço depois de um dia longo de escola, deixei que ele falasse e eu ouvia. Sempre muito presente sentindo o ferro frio do banco na minha nádega esquerda. Dificilmente cruzávamos um olhar tal não era a falta de irmandade. Sentia a brisa fria, cortante que o sol já não tinha forças para aquecer. Esperava que ele terminasse o seu discurso sem sal. E terminou.

Vejo-o partir saciado da sua necessidade de se centralizar no mundo. Quanto a mim, quero que saibas que aqui te espero, no nosso banco de jardim. Espero por te conhecer. Um dia.

domingo, outubro 10, 2010

O amor

Hoje, estou cansado. Pesam em mim todas as memórias do mundo. E todos os sonhos surgem à minha frente como uma alucinação nauseante e repentina.
Sou guiado para fins que desconheço e por caminhos desconhecidos. Talvez sentar e ficar a sentir o tempo correr tenha o mesmo resultado que perseguir objectivos (objectivos que nunca serão meus, nem de ninguém).
Tinha uma ilusão. Ela escondia-se dentro de mim, em espaços muitos escuros onde muito dificilmente a via. Eu acreditava que o homem pode ser bom, ou melhor, que o homem é bom por natureza. Ontem, encontrei essa ilusão e sufoquei-a até sentir que as suas raízes, enterradas em mim, perdiam a força e que, ao mesmo tempo, uma tristeza alegre me confortava o espírito, anunciando que um novo mundo tomava forma à minha frente (novas definições e outras maneiras de agir se impuseram).
Descobri que sou só e que não há pai, nem mãe, nem irmão, nem tio, nem namorada, nem amigo, que possa pagar a fiança e comprar essa liberdade, o que podem fazer (e até devem) é trazer-me tabaco e dinheiro, nos dias de visita, para que os meus dias se tornem mais suportáveis, permitindo que alguns prazeres passem por este corpo.

Falo da ilha isolada que sou para a ilha isolada que és, mesmo que essa tua condição não te seja clara neste momento.

O amor é vontade de poder.
Não te iludas com o homem, são todos iguais a ti mesmo.
Imagina o que te espera.

sexta-feira, outubro 08, 2010

O pouco em que nada me envolvia

Vi, relembro o pouco que em nada me envolvia. Pedia-me emprestada por alguns instantes, longos por vezes, e eu não me queixava. Deixava que a levasse, não para muito longe, ciente que estava bem entregue. Ela ia, livre de correntes, livre de imposições e obrigações. Esvoaçava por entre bafadas quentes e acolhedoras, poisava aqui e ali, sempre bem-vinda, bem recebida por olhares radiantes e sorrisos bem rasgados.
Por onde mais poderia ela esvoaçar? Não havia muito mais. Era um todo, do pouco em que nada me envolvia. Havia um único elemento e não elementos, aliás havia, mas não que ela os conseguisse distinguir. E por isso esvoaçava, num ritmo cadente contínuo. Não necessitava de oscilações repentinas para que atiçasse qualquer chama, para puxar níveis de adrenalina estonteantes. Não. Todo este pouco era nada e me envolvia. É aqui que tudo faz sentido, quando o sentido não é uma questão à qual necessitamos de responder. E ela esvoaça.
Mas peço que ma devolva. Afinal qual é o homem que pode viver sem a sua alma?

Vi, relembro, vivi. O pouco em que nada me envolvia. Hoje tenho muito, tenho demais e não me sinto envolvido em nada.



the world is not a vicious place
its just the way we've been raised
discovering time and space
I know we that could make a change
rearrange the way that we appreciate the world today

its possible to love someone
and not treat them in the way that you want
its possible to see your eyes
be the devil in disguise
with another front-end

its possible to change this world
revolutionize the boys and girls
its possible to educate the next generation
ever rule the world someday