Hoje, estou cansado. Pesam em mim todas as memórias do mundo. E todos os sonhos surgem à minha frente como uma alucinação nauseante e repentina.
Sou guiado para fins que desconheço e por caminhos desconhecidos. Talvez sentar e ficar a sentir o tempo correr tenha o mesmo resultado que perseguir objectivos (objectivos que nunca serão meus, nem de ninguém).
Tinha uma ilusão. Ela escondia-se dentro de mim, em espaços muitos escuros onde muito dificilmente a via. Eu acreditava que o homem pode ser bom, ou melhor, que o homem é bom por natureza. Ontem, encontrei essa ilusão e sufoquei-a até sentir que as suas raízes, enterradas em mim, perdiam a força e que, ao mesmo tempo, uma tristeza alegre me confortava o espírito, anunciando que um novo mundo tomava forma à minha frente (novas definições e outras maneiras de agir se impuseram).
Descobri que sou só e que não há pai, nem mãe, nem irmão, nem tio, nem namorada, nem amigo, que possa pagar a fiança e comprar essa liberdade, o que podem fazer (e até devem) é trazer-me tabaco e dinheiro, nos dias de visita, para que os meus dias se tornem mais suportáveis, permitindo que alguns prazeres passem por este corpo.
Falo da ilha isolada que sou para a ilha isolada que és, mesmo que essa tua condição não te seja clara neste momento.
O amor é vontade de poder.
Não te iludas com o homem, são todos iguais a ti mesmo.
Imagina o que te espera.