sexta-feira, fevereiro 26, 2010

domingo, fevereiro 14, 2010

O gato

Cresceu e morreu no mesmo instante. Foi assim que Ruben compreendeu a vida do seu gato, que morrera hoje aos 10 de idade. Todos aqueles anos parecem ter sido um instante. Parece que foi ontem o dia em tinha o pequeno gato fechado nas suas mãos de modo a torná-lo cárcere do seu carinho e adicto ao seu calor.
Morreu hoje, 10 anos e 26 dias depois de ter sido atirado para este espaço. Ruben chora. Nunca nada nem ninguém lhe tinha morrido durante os seus 16 anos de vida. As lágrimas caíam da sua face, tal como se de uma fonte de água cristalina se tratasse. O seu soluçar era ritmado, tambor de vida vibrando no interior do seu corpo. A ideia da morte corre-lhe pelas veias deixando uma sensação de desespero por onde passa. Ruben rende-se ao desespero e considera a hipótese de arrancar o peito para aliviar a dor. Deus ausentou-se. Resta nele a dura existência da perda.
O gato está estendido na sua alcofa, um corpo sem vida coberto de pêlo. É bela a imagem de um corpo que deixou de possuir vida tornando-se apenas mais um dos objectos inanimados do mundo. Ruben não consegue ver isso, o seu olhar não se consegue libertar da memória, que lhe traz, para castigo do seu coração, as imagens e sensações dos momentos passados em conjunto.
Ruben não aguenta mais, deita-se na cama e enrola-se na tentativa de controlar a dor que lhe domina o peito. As unhas estão cravadas na pouca carne que possui nas pernas e as lágrimas correm num fio consistente. Ele sente-se a transformar em algo de horrível. Sente que um novo ser aparece no seu interior, algo de novo, mas ao mesmo tempo antigo. Uma mutação.
Num salto ele levanta-se da cama e coloca-se em frente ao corpo morto. Algo o força a pegar no gato, ele não tem a certeza do que o está a impulsionar, mas sente-se poderoso de uma forma que nunca antes tinha sentido. Neste momento ele é livre de incertezas, o que quer é o que faz, deixou de existir margem para dúvidas ou hesitações. Desta forma, tudo o que faz é inteiro e transborda de certezas.
De um rasgo, pega no gato e, movido pela vingança, segura-lhe em cada uma das patas superiores, num instante, cerra os dentes e de um só movimento rasga o animal em dois. Numa mão, fica uma das patas do gato, na outra, encontra-se o restante corpo. Ele demora-se a observar a ruptura que tinha forçado, os delicados pormenores daquela separação. Mas isso não era suficiente, ele queria mais. Ele queria ver mais, ele queria mais vingança. Ruben encontra-se possuído por uma raiva incontrolável, o gato não tinha o direito de morrer e de o deixar naquele estado.
Um estrondo surdo fez estremecer o quarto e encheu todos os recantos com loucura. Ruben abriu os olhos e olhou para o relógio, passam 5 minutos das 8 horas da manhã. Olhou para o lado esquerdo da cama e viu o gato a dormir tranquilamente, reparou, então, que se tinha perdido novamente no sonho real do existir.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Equilibrio - Passivismo / Activismo

Todos os dias tomamos escolhas que vão diferir em torno da nossa personalidade que temos vindo a construir e que arrastamos conosco em perpetua construção até morrermos.


Mas de todas as escolhas que possamos vir a tomar há que se torna, se me permite, um pouco comercial. Pois esta escolha é vendida pelas massas, que ao mostrarem males que vendem e nós compramos, aliás, até porque de bem não somos nós entendidos já que prazer de ler sobre ele raramente encontramos, não é verdade? Ao mostrarem esses males estão-nos passivamente a implicar uma opção: principalmente movidos pelo nosso poder de empatia, sentir frustração e procurar como ajudar, ou, como acontece na maior parte das vezes, passar os olhos na desgraça que já é hoje como que uma pequena doze da nossa droga favorita para que estejamos felizes no nosso dia-à-dia, e seguir em frente como que se aquele momento não existisse. Uma coisa muito nossa que gostamos de fazer em privado no nosso pensamento.

A escolha do viver no sonho ou na realidade. Há quem prefira deturpar a sua própria consciência e viver na alegria cega. Há também quem escolha manter os pés firmes na terra sangrenta.

Sem que o pessimismo vire regra, podemos sempre com maturidade desafiarmo-nos a nós próprios e aos nossos neurónios. Aceitar pequenos desafios mentais, para que afinal tenhamos a certeza do "eu penso logo existo" que tem de existir em cada um de nós. Sim tem. Acredite que se pensa que este não é preciso, tem os dias contados para mudar de opinião até que o mundo lhe caia em cima em bruto.

E que se faça bem claro, bastante claro mesmo, que verdades absolutas nunca serão mais que meras criações.


sábado, fevereiro 06, 2010

A gente não lê

Comecei a trabalhar num call center e são várias as vezes que ouço alguém do outro lado da linha dizer-me: "A gente não sabe ler." Num tom misto de tristeza, incapacidade decretada e fatalidade desse destino que pouco soube ser de amigo.

"A gente não lê"

Rui Veloso capta nesta música um pouco do mundo desses que não lêem, fazendo-nos pensar como pode ser pequeno o mundo dessa gente que povoa o nosso país, trabalhando a terra e cuidando dos seus animais.
A gente que não lê não é gente estranha e desconhecida a quem devemos reclamar algum tipo de distanciamento. São, antes pelo contrário, os nossos avós, pais e mães, mesmo que não partilhemos com eles nenhum laço de sangue.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

A todos os mentirosos e mentirosas



LIAR

Lie lie lie lie liar you lie lie lie lie
Tell me why tell me why
Why d'you have to lie
Should've realised that
Should've told the truth
Should've realised
You know what I'll do

You're in suspension
You're a liar

Now I wanna know know know know
I wanna know why you never
Look me in the face
Broke a confidence just to please
Your ego should've realised
You know what I know

You're in suspension
You're a liar

I know where you go everybody you know
I know everything that do or say
So when you tell lies
I'll always be in your way
I'm nobody's fool and I know all
'Cos I know what I know

You're in suspension you're a liar
You're a liar you're a liar
Lie lie lie lie lie lie lie lie

Lie lie lie lie liar you lie lie lie lie
I think you're funny you're funny ha ha
I don't need it don't need your blah blah
Should've realised I know what you are
You're in suspension you're in suspension
You're in suspension you're a liar
You're a liar you're a liar
Lie lie