domingo, dezembro 12, 2010

Futuro optimista



Sinopse: uma nova pessoa vem a esta realidade e é-lhe ensinado a montar uma estrutura para entender essa mesma realidade. Confrontado com outras estruturas ligeiramente ou extremamente diferentes da dele, questionasse e instrui-se com informação que lhe alargam as perspectivas da realidade, ao mesmo tempo que o choque de estruturas destroem ligações afectivas.



Sinopse: um pequeno exercício guiado através de exemplos e confrontações (situações do dia-a-dia) para que se questione a forma de como raciocinamos e a forma a como respondemos a desafios que nos são impostos. É lançada ainda uma proposta para que se oriente da forma mais eficiente, coerente, imune de influências externas a nossa lógica.



Sinopse: estudos, estatísticas, curiosidades sobre o porquê de termos um povo tão tentado ao conformismo. No fim deste exercício pode também encontrar formas de o combater.

Viver sem conflito

Aceitamos viver nesta condição de miséria pois separamos a morte da vida. A morte como algo horrível que só o é por aceitarmos essa condição. Sem conflito a morte teria um significado diferente. E a busca pelo significado do que é o amor teria outro rumo.


sexta-feira, dezembro 10, 2010

Cântico Negro

«Vem por aqui» - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: «vem por aqui»!
Eu olho-os com olhos lassos,
Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: «vem por aqui»?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais niguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: «vem por aqui»!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!


José Régio